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passageiros

Assim era o cenário descrito no livro das passagens: uma rua extensa e estreita com lojas dos dois lados. As lojas abriam às dez da manhã e os vendedores tratavam de expor as mercadorias penduradas em ganchos, facilmente recolhíveis pelos consumidores potenciais. Eram tantas as mercadorias que o corredor parecia ter metade do espaço original, e alguns pedestres precisavam se curvar para ultrapassar os mais entretidos. Não havia porque se preocupar com furtos, não havia para onde fugir em velocidade. A rua era coberta por um telhado de vidro e não sei, não sei mesmo, se o objetivo era proteger os pedestres ou as mercadorias. No fim da rua, uma avenida transversa, larga, com muitos carros indo e voltando, e sem calçadas em nenhum dos lados. A avenida parecia ter apenas um objetivo: represar todas aquelas pessoas para dentro da rua das lojas. Os semáforos da avenida davam vez aos transeuntes de dez em dez minutos e seu tempo de trégua durava um atravessar jovem e acelerado, justo, justo. O livro das passagens está à venda em uma única livraria localizada nesta mesma rua, número 561, sobreloja. Aberta aos domingos.


 

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